25 julho, 2006

Poeta, o “bufão de costume”

Os poemas têm que ter alguma inserção no mundo, precisam participar do movimento da nossa existência, e não podem ser esses elementos decorativos que têm sido esses poemas ridículos da nossa triste atualidade.

Ninguém que eu conheço, gente que vive a vida como ela é, lê essas bobagens anêmicas que têm sido publicadas em revistas como Sibila, Inimigo Rumor, Oroboro, também a Babel e tantas outras.

Concordo inteiramente com as colocações do poeta Ronald Augusto, ao criticar os poemas de Tarso de Melo (e por extensão grande parte da poesia atual no Brasil), ao considerar tal escrita o “círculo vicioso de auto-referências e auto-reconhecimentos, cujo resultado é essa sorte de submissão a um acordo tácito em torno do virtuosismo técnico, da erudição intertextual perdulária e sem razão de ser e da eficiência diluída em esnobismo.”

Ronald fala também sobre o papel do poeta, que “é, ou deveria ser, o transgressor incestuoso do idioma materno, [mas] ainda ocupa, apesar ou mesmo devido a sua excelente formação, o lugar do bufão de costume.”

Confusão de nomes

O poema é a expressão “física” da poesia. Outras manifestações, tais como músicas, filmes, pinturas, etc., muitas vezes são consideradas “poéticas”.

Mas o lugar da poesia é o poema. O lugar onde o pensamento pode dançar na melodia das palavras.

Dizer que a poesia está em todo lugar é uma confusão banal, pois os que dizem isso confundem “poesia” com “beleza”, e esses são conceitos diferentes.

09 julho, 2006

Motivação e início

Há quase dois anos, no início de 2004, praticamente desanimei da poesia e dos poemas. Não foi um abandono, mas um desânimo. Meu amigo Ademir Demarchi (sem saber desse desânimo) denominou o momento atual como "tédio geral", e provavelmente esse tédio (junto aos motivos pessoais) foi a influência forte.

No entanto as perguntas que motivam a escrita dos poemas e a reflexão sobre a poesia, e também sobre o pensamento (e não a razão crítica) que vive dentro da poesia como uma forma especial (eu penso que é superior) do pensar, essas perguntas continuam persistindo.

O espaço deste blog surgiu como ambiente para que algumas respostas, nunca conclusivas, possam ser colocadas, analisadas, rebatidas e reescritas, sob o risco constante e motivador do erro e da imprecisão.


Além disso, outras questões, concretas, precisam ser colocadas. Por que a poesia não tem espaço no mundo atual? Qual a função dos poemas no mundo de hoje? Ou melhor, existe alguma função para a poesia, para além daquele ridículo mote de que a “poesia não tem função”? Por que os poetas se recolheram em guetos e clubes e se amesquinharam? E por que as pessoas mais inteligentes não se dedicam mais a ler, e muito menos escrever, poemas?